Olá Amigo(a) Pecuarista,
Sistema de pastejo entre bovinos e ovinos
A ovinocultura está presente por muitas vezes em regiões com situações adversas relacionadas ao relevo, clima e fertilidade do solo. A atividade é desenvolvida no Brasil majoritariamente em sistema extensivo e com baixos níveis de tecnologia. Já a bovinocultura é tradicionalmente mais conhecida, apresenta melhor distribuição e segundo relatos, sua condução é mais fácil e menos exigente, embora na ovinocultura tenhamos animais sobrevivendo em ambientes totalmente desfavoráveis. No entanto, a união destes animais em uma só área parece ser um fator espetacular, pois nos ovinos a verminose é um grande problema, que poderia ser resolvido com o pastejo simultâneo ou alternado. Pois bem, este é o grande desafio.
No Brasil, o efetivo ovino é predominante nas regiões Nordeste e Sul, sendo que na região Sul, a atividade é tradicionalmente extensiva, e durante anos esteve dedicada principalmente à produção de lã e hoje está mais diversificada com a produção de carne, lã e leite. Já no Nordeste brasileiro, caracteriza-se como atividade de subsistência, com a utilização de animais deslanados. Na região, a atividade é de fundamental importância socioeconômica.
A escolha de uma espécie forrageira para pastejo no início da criação ovina é de fundamental importância. A forragem tem que estar de acordo com as condições de clima, manejo e consequentemente, o sistema de produção que será utilizado. Para ovinos, há certas características inerentes a espécie, como o fato do pastejo em grupos. É raro observar um animal isolado do restante do rebanho. Assim, é importante que a forrageira escolhida seja de porte baixo (< 80 cm de altura) para que haja a possibilidade de visão e percepção entre os animais do grupo de pastejo (Factori e Benedetti, 2010).
Outra característica dos ovinos é o pastejo seletivo, possuindo a habilidade na apreensão de partes selecionadas das forrageiras. Segundo Meirelles et al. (2008) as espécies mais indicadas para pastagens de ovinos devem ter porte baixo, com hábito de crescimento rasteiro, prostrado, que proporcionem boa cobertura do solo e que tolerem manejo baixo. Desta forma, aconselha-se utilizar as pastagens mais produtivas, sendo elas do Gênero Panicum (Tanzânia) e Cynodon (Tifton e Coast-cros). Para tanto, as espécies do gênero Brachiaria podem também ser utilizadas, porém, apresentam menores produtividades e também podem acometer os ovinos com problemas de fotossensibilização.
Nos sistemas de produção intensiva, o sistema de pastejo com lotação rotacionada é o mais indicado, por garantir maior uniformidade e eficiência de pastejo. Para tanto, o número de piquetes em cada pastagem será em função do período de descanso (PD), que varia de acordo com a espécie forrageira utilizada e, do período de ocupação (PO), que pode ser obtido pela equação: Número de piquetes = (PD / PO) + 1. O período de ocupação deve ser com menor duração possível, podendo variar de 1 a 5 dias garantindo assim melhor rebrota das plantas e facilitar o controle da lotação da pastagem.
Para bovinos, também é indicado o uso de pastejo de lotação rotacionada, pelo mesmo motivo citado anteriormente. No entanto, com raras exceções entre algumas espécies, os bovinos não tem hábito gregário, ou seja, a forragem não necessita ser baixa em virtude do seu hábito de pastejo. Ainda, são bem menos seletivos que os ovinos, e, portanto, não possuem a habilidade de apreensão de pequenas folhas facilmente apreendidas pelos ovinos. Sobre a altura de entrada e saída dos animais do piquete, quando se utiliza de pastejo de lotação rotacionada, é praticamente impossível manejar uma única altura de resíduo para duas espécies de alturas e hábitos de pastejos diferentes.
A partir deste momento pode-se encarar que a utilização de um sistema em que ovinos e bovinos pastejem alternadamente ou ao mesmo tempo, pode não ser um fator tão simples assim. Mas por que isto pode ser complicado? Como a espécie ovina possui mais requisitos para a escolha do pasto do que bovinos, o primeiro e importante fator a ser considerado, é que não é em qualquer forrageira que o animal desempenhará a totalidade dos seus potenciais produtivos, sejam eles carne ou leite. Outro fator importante é o uso de cercas, bebedouros e cochos comuns às duas espécies. Isto é praticamente impossível, quando consideramos animais de tamanhos diferentes.
Como mencionado, a verminose assusta grande parte dos produtores de ovinos, e a localização da propriedade, época do ano e erros de manejo podem contribuir para o aumento do problema. Assim, o correto manejo do pasto, associado a um correto manejo sanitário deve ser adotado dentro da propriedade. Segundo Carvalho et al. (2002), manejar a pastagem adequadamente pode diminuir consideravelmente a infestação de parasitas nos animais porque os animais serão menos acometidos pela ingestão de larvas uma vez que grande parte das larvas está concentrada nos primeiros dois centímetros acima do nível do solo por razões associadas ao microclima local.
Deve-se considerar que diversos estudos salientam que a sobrevivência das larvas contaminantes na pastagem é por volta de 6 meses. A partir deste fato, é comum observarmos histórias que devemos colocar em duas áreas ou módulos de pastejo rotacionado distintos, os ovinos e bovinos pastejando separadamente por seis meses, trocando estes animais dos módulos ao término deste período. Assim, com o resultado esperado, os animais estariam ingerindo as larvas contaminantes dos helmintos (vermes) da outra espécie, uma vez que há especificidade das larvas destes vermes não havendo infestação pelos animais, diminuindo assim a carga de helmintos.
Em tese, isto seria um enorme passo no controle da verminose em ovinos, uma vez que não há muitos vermífugos totalmente eficazes no controle de parasitas, com poucas exceções no mercado. Assim, um manejo deste tipo, melhoraria em muita a ação de vermífugos e desta forma atenderiam ao controle destes vermes. No entanto, como ressaltado anteriormente, o uso desta técnica seria um pouco acometido em virtude do manejo adotado, seja ele para a forrageira ou para a contenção ou até mesmo para alimentação dos animais, seja ela comida ou água.
A pergunta que não quer calar é: não existe como fazer e não há bons resultados no pastejo alternado ou conjunto de bovinos e ovinos? Sim há. Este manejo pode ser usado conjuntamente. Mas, e o manejo, como fica? É uma realidade já muito utilizada há anos no sul do país. Grande parte das pastagens gaúchas são em grandes áreas e o uso do pastejo conjunto é facilitado em virtude das baixas lotações, grandes pastos com poucas cercas, menos bebedouros ou estes ainda servem de alguma forma para os dois ou a água de bebida vem de lagos ou minas represadas de fácil acesso aos animais. Ainda, as pastagens de azevém e aveia predominantes na região, dão suporte nutricional aos animais, não que as forragens tropicais em uso na maioria do país como o Tifton, Braquiária e Tanzânia, por exemplo, não deem este aporte, mas em virtude do uso de grandes áreas e baixas lotações, o manejo como um todo torna-se mais favorável.
Cabe ressaltar que intensificar o uso do pasto, não é somente aumentar sua lotação e tornar aqueles sistemas de produção em pasto, um foco de distribuição de larvas de vermes. Intensificar significa aumentar a eficiência. São diversas as formas de se contornar a infestação por vermes em ovinos dentre elas o manejo correto das pastagens obedecendo criteriosamente o manejo de entrada e saída dos animais do piquete. É fato que a quantidade de larvas existente rente ao solo é maior que no ápice do capim. Portanto, a menor ingestão de larvas, uma melhor alimentação e o descarte de animais problemas, seriam fatores interessantes para o sucesso.
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